Tempo
Ah! Tempo, esse tempo que nos marca a vida,
Deixa-nos na face cicatrizes dos amores,
Dos felices dias, do árduo suor dos labores,
Que no balouçar dos dias faz brisa brandida.
Ah! Tempo que entalha no coração a saudade,
Nele faz morada sem pedir, sem dó nem piedade.
Mas, sem ti, Tempo, não haveria beleza na vida,
No alvorecer co’a paleta celeste em nuance colorida.
Ah! Tempo, no canto surdo d’um recém-nascido,
O tão esperado e feliz nascimento materno,
Que não torna triste à infância por tê-la perdido,
Mas congratula-se ao Tempo, o seu amor eterno.
Ah! Tempo, que na sacada desta passagem,
Eternamos no cerne amores, amigos, dissabores,
Saudades de uma vida, à luz sua única bagagem,
E legamos a ti, Tempo, que, à eternidade, nos robores.